quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

natal #3

Recebi muitos comentários - não neste blog, senão pessoalmente - sobre os últimos títulos neste espaço.

- Ora, Ewerton Clides, por que você escreveu natal no título com letra minúscula se estava no comecinho?

Para não se confundir com a cidade, Natal.

Eu, Ewerton Clides, nunca enunciei a cidade Natal em textos meus - antes deste -, mesmo considerando o nome da cidade interessantíssimo. E mesmo sem saber nada da cidade.

Este é um esclarecimento para embranquecer o que claro está: falo sobre natal, a data comemorativa; não sobre Natal, a cidade.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

natal #2

O meu natal é sempre passado sozinho, com o retrato de minha mãe.

Minha mãe detestava o natal, é por isso que nesta data faz tanta falta. Detestava o natal e maldizia Jesus e todos os que comemoram onatal. Uma vez, disse:

- Espero que morra sem fazer nada de importante, para que ninguém comemore a minha morte desse jeito!

No natal eu, Ewerton Clides, aproveito para utilizar roupas menos sociais.

natal #1

O natal lembra a mim, Ewerton Clides, que as pessoas não se lembram mais do natal.

É o natal que as lembra.

O natal lembra que elas vão ganhar presentes, que elas vão dar presentes, que vão comer peru na casa da tia - ou da vó, em alguns casos, em algumas casas -, viajar para ver a família, ou até mesmo que vão se livrar um pouco da família para ficarem sozinhas.

Jesus Cristo foi um grande homem, embora tenha morrido cedo, embora tenha morrido porque quisessem que ele morresse.

Jesus morreu para que dois mil e sete anos depois as pessoas comessem peru?

Não sei.

Sapatênis

Eu, Ewerton Clides, sou comumente chamado de sociólogo.

Assim como os chimpanzés são comumente chamados de chimpanzés nos zoológicos - nas ruas e nas selvas são chamados de macacos; os operadores de telemarketnig são chamado de operadores de telemarketing; os jogadores de futebol são chamados de jogadores de futebol; e os jogadores de basquete são chamados de bombadinhos.

Já foi dito aqui muitas vezes que enquanto os poetas se vangloriam de resumir um grande assunto em um curto espaço de texto, os sociólogos se orgulham se expandir um pequeno assunto em um enorme espaço de texto. E nós temos a razão.

Matematicamente falando, o poeta pega uma expressão: 9x + 9ac + 9284bw = 203489234. Dela, diz: Por que não um virgula cinco, pessoal?

E o sociólogo pega o um vírgula cinco e transforma na expressão: 9x + 9ac + 9284bw = 203489234.

Agora vamos à verdadeira teoria do dia, já que falamos mal dos poetas e dos que fazem coisas inúteis à vida, como poesia, banho e malabaris.

Estava eu, Ewerton Clides, andando em uma movimentada rua de São Paulo.

(Não uso sapatos com cardaços, já que o risco de ele desamarrar é grande. Mas neste dia, coloquei um sapato com cardaços por engano.)

(Se eu não uso sapatos com cardaços, o bom leitor deve ter indagado: "Por que Ewerton Clides tem sapatos com cardaços já que não os usa?" Resposta: Comprei porque achei bonitinho.)

Quando uma moça veio à minha direção e disse:

- Você não é o grande sociólogo Ewerton Clides?

E eu era o grande sociólogo Ewerton Clides.

- Ewerton Clides, o seu tênis está desamarrado.

Desconsiderei o que disse a moça. Nem olhei ao meu sapato. Ora, se uma moça confunde tênis com sapato, certamente pode conffundir cardaço desamarrado com cardaço amarrado. Para os transeuntes não pensarem que destratei a moça, disse-lhe:

- Nove e trinta e quatro.

Assim, pensaram que ela havia-me interpelado somente para perguntar as horas, que fortunadamente eu tinha já na cabeça.

Andei mais alguns passos, quando tropecei aleatoriamente.

Era meu sapato, que estava desamarrado. Pisei em cima do cardaço e tropecei.

Mas engana-se quem pensa que a moça tinha razão. Ocorreu que o cardaço desamarrou após ela ter-me dito aquelas baboseiras sobre tênis.

Olá,

Meu nome é Ewerton Clides, e eu raramente começo um texto com uma saudação. Por isso, minha leitora, veja neste texto - além da raridade sociológica presente sempre nos textos escritos por mim, Ewerton Clides - a excentricidade de um Olá.

Toureiros dizem Olé!, mexicanos dizem Ôla!, seres humanos têm olho!, e eu lhe digo Olá!

(Não lhe perguntarei se está tudo bem. A concessão sociológica de hoje termina no Olá!)

Vim não para fazer concessões sociológicas. Vim para dizer sobre narcóticos. Mas não estou preocupado com as famílias nacionais que perdem crianças para as drogas. Crianças que trocam a mãe por um craque que não joga bola. E que fumam deselegantemente uma droga de nome também deselegante. (É maconha, a droga! Mas não vou dizer aqui, porque é muito deselegante!)

Porque eu, Ewerton Clides, sou viciado em uma garota de maneira mais profunda que uma criança se vicia em uma droga. Ela esquece a mãe, mas a escuta. A mim, se me dizem mãe, pergunto: "De quem?!"

Sou viciado numa garota, mas ainda assim faço sociologia. Paixão sociológica.