sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Amores invertebrados

Quando alguém corrige a mim, Ewerton Clides, digo:

- Parabéns pela ousadia, mas você está errado.

A ousadia é muito engraçada e, assim como quem me corrige, errada. Ela é como a baunília que ressalta o sabor. Porém a ousadia ressalta a burrice ou ressalta a inteligência. Pois corrigir-me é uma grande burrice, está claro. A burrice ousada.

Mas hoje não falarei sobre burrice ousadas. Nem sobre touradas.

- E torradas?

Não, obrigado. Está servido?

Hoje vim para falar sobre os amores invertebrados.

São dois, os amores. Os vertebrados e os invertebrados.

Os amores vertebrados são comumente mais fortes que os invertebrados, porque têm um osso bem no meio do coração, dando-lhe sustância dura. É, pois, uma força. Mas uma força que atrapalha!

Queridos leitores da sociologia ewertonclidiana: Quando se ama, a vontade é a de expremer o coração da pessoa amada como se expreme uma laranja lima para se fazer um suco de laranja lima!

- Para quê?

Não sei! Mas a gente expreme deliciosamente! E o que fazer quando se tem o osso? Se retira o osso!

Os amores vertebrados são, assim, um amor imaturo, pois que precisam ser vertebrados.

Os amores invertebrados iniciam-se na hora da retirada do osso do coração. Neste exato momento, ele fica mais fraco, sentindo a falta do osso. Há os amores que resistem e os amores que não resistem. Os que não resistem, se ressentem do osso, o querem de volta.

Sabe onde estava o osso? Sabe onde ele foi depositado? Não? Eu também não. Ninguém sabe onde está o osso, pois quando o tira, é no afã de que nunca mais irá precisar dele!

Mas depois da falta do osso inicial, os amores invertebrados ficam fortes e indestrutíveis como em uma música serteneja! Forte como não é meu corpo, forte como é a minha sociologia.

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Em outro dia, dei a alguém uma paçoca como prova de um amor invertebrado.

Vi que ela recebeu a paçoca com grande devoção - mesmo não a tendo comido - e desconsiderou o recado do amor invertebrado uma fanfarronice sociológica. E não era.

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