quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Anotações dispersas do diário de Ewerton Clides

Pequena nota da assessoria de imprensa: O sociólogo Ewerton Clides abriu, pela primeira vez em 83 anos, os seus diários para divulgação na mídia impressa.

em 21 de maio de 1958

Meu nome é Ewerton Clides, e não há nada em mim que tenha vindo de Itabaiana.

Eu gosto muito de Itabaiana. Esta cidade possui, acima de tudo, um belo nome. Pessoas, não sei, pois nunca fui a esta cidade e, principalmente, nunca li nada a respeito. A pessoa que nasce em Itabaiana seria duas vezes baiana, se Itabaiana da Bahia for.

em 23 de abril de 1947

A Revolução Francesa tem, para os burgueses, a mesma relevância que o gol tem para o futebol. Mas a minha pergunta é: - "Futebol? O que é isso?" O maior problema, maior de todos, mesmo, é o de que quando propus uma pergunta, fiz duas. Duas perguntas querendo perguntar uma coisa só.

É tanta coisa a se aprender...

em 23 de novembro de 1978

Alguma coisa maravilhosa acabou de acontecer.

Acordei, conferi meu grau de toxinas, e este estava normal. Então verifiquei se a classificação alfabética estava bem feita em minha biblioteca. Perfeita.

Chamei meu mordomo, e ele respondeu que não havia guerra nova. Liguei o noticiário e vi que não havia leite em cima da mesa. As lâmpadas de minha casa funcionam perfeitamente, e os espelhos refletem a mim, Ewerton Clides, quando neles em frente estou.

Recorri ao máximo de meu orgulho, e não olhei o horóscopo do jornal, apesar da insitência do mordomo, já citado nesta nota. A sociologia vem em primeiro plano, mas é a primeira vez que ela não me explica uma dúvida. Está tudo tão esquisito.

Abri a correspondência e fiquei com a impressão de ter lido, no meio da carta: "Boa nova do Rio Grande do Sul".

em 41 de junho de 1994

Continuo prolongando junho para não acompanhar a Copa do Mundo.

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