domingo, 15 de abril de 2007

Desenternecimento

Quando eu, Ewerton Clides, voltava de um encontro com o escritor Fauro Goares, vi a manchete de uma revista muito conhecida. A manchete, não lembro como era, mas tinha a minha foto! Enterneci-me tanto, que soltei um suspiro! Acho que foi resquício da conversa que tive com o grande Faurinho.

A novidade é que enterneci-me por mim mesmo. Será que a sociologia desabrochou um pouquinho? Pois comprei a revista e olhei com muita fúria para mim mesmo! Fiz biquinho! Mas por vários momentos esqueci que era para ficar bravo, e sorri para a minha foto que sorria de volta como um peixe deveria sorrir quando a gente sorri para ele. A diferença é que o peixe não sorri, mas deveria!

O peixe não sorri, mas eu sorri.

Quando cheguei em casa, me vi no espelho. Tão bonito, que eu estava!

O suspensório era novo.

Era preciso parar de sorrir. Enternecer comigo mesmo era uma afronta à querida sociologia! Então tive a grande idéia.

Fui ao banheiro. Não tinha vontade de fazer cocô, o que foi bom. Coloquei um espelho exatamente à minha frente enquanto eu observava o esforço da minha face ao tentar fazer um cocô aparentemente inexistente. Fiquei feio, vermelho e uma gota de suor saiu de minha testa brilhante.

(Eu não sei diferenciar muito bem a minha testa do meu cucuruto, mas acredito que esta gotinha brilhante de suor tenha vindo de minha testa.)

Então, já muito feio, ouvi um barulhinho. Era uma bolinha de fezes que eu evacuava. Me vi feio novamente e pude então sorrir por estar de volta à querida Sociologia!

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