sábado, 21 de julho de 2007

Ao telefone

Atendi o telefone quando meu mordomo dava sinais de que estava dormindo.

Creio que dormir é salutar, e comer é na cozinha. Dormir na cozinha, então, é saudabilíssimo! Pois era lá que meu mordomo dormia, quando o telefone tocou. Dormia tão formidavelmente, que nem os toques agudos do telefone foram suficientes para acordá-lo.

Então eu, Ewerton Clides, atendi o telefone. A pessoa que ligou falou muitas coisas iguais. A todas respondi evasivamente, pois atendi o telefone enternecido com o mordomo. "Ewerton Clides está?" Está, sou eu, é ele, depende da conjugação. Mas você gostaria de falar com ele ou só saber se ele está? Se for só saber se ele - no caso, eu - está - no caso, estou -, está, ou estou, depende novamente da conjugação.

Deixei o telefone onde estava sem desligá-lo, rindo de mim mesmo, pois não tenho a menor habilidade em atender o telefone! E ainda por cima o mordomo estava acordando. Eu lhe disse baixinho para não assustá-lo do sono:

- Venha! Venha para me chamar!

Ele veio, me chamou, e então eu falei ao telefone normalmente.

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