quinta-feira, 19 de julho de 2007

A sociologia da saudade

Na primeira vez que falei da sociologia da saudade, não fiquei nervoso como ocorreu quando finalmente consegui utilizar privada, aos oito anos de idade. Porque nesta ocasião, havia barulho abaixo de mim, e eu sabia muito bem que era barulho de água. Mas saudade não faz barulho. E é seca!

A sociologia da saudade é como uma parede pintada de vermelho na parede branquinha da sala.

No primeiro dia, acordei às dez horas da manhã, hora do esplendor de luzes da parede. Entrei na sala a passos leves, mas não pude dar o quarto passo: a parede estava pintada de vermelho clarinho! Assustei-me como podia.

Meu mordomo encontrou-me de cócoras na entrada da sala.

(E ele, de quem falei muito, e bem, ainda há pouco, suscitou entre meus admiradores a o pedido da revelação de sua identidade. Juraram-me que não era por inveja, nem para contratá-lo. Era somente por curiosidade. E a sociologia não se faz quando há curiosidade.

Pois eu disse:- "Mordomo, vou revelar sua identidade". O termo mordomo dito há pouco não foi dito, mas sim com o nome do mordomo. Pois revelo, agora, a identidade de meu mordomo: 536975215-5.)

Pois ao encontrar-me de cócoras na entrada da sala, ele disse: - "Ewerton Clides, por que você está de cócoras na entrada da sala à esta hora? Você não costuma ficar de cócoras. Devo estranhar ou acrescentar na lista de seus hábitos matutinos?". Não sei, respondi-lhe, mas você deve notar que a parede está vermelha!

- Quer chá, Ewerton Clides? - perguntou-me, então.

Eu disse que sim, olhando a parece vermelha. Adoro chá.

Na décima quarta manhã, a parede estava muito mais vermelha, e eu nem notei.

Se pedissem a mim, Ewerton Clides, para pintar a minha parede de vermelho, eu diria que não. Mas hoje, com o vermelho escuro, eu não deixaria ninguém pintar a parede de branco. Adoro vermelho.

ps: A sociologia da saudade surgiu de uma fala feminina: “Eu acho que lugar de parede vermelha é na parede do filme.”

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