sexta-feira, 27 de julho de 2007

Soluços sociológicos

Uma curandeira sempre se surpreende com a previsão acertada.

E eu andava pelas ruas para observar pessoas. E ser observado, claro. Mais ser observado do que observar, embora tenha um metro e cinqüenta e cinco.

(Para mim, Ewerton Clides, a maior virtude humana é virar o pescoço para baixo. Não fosse isso, eu, Ewerton Clides, seria fisicamente tão relevante quanto uma formiga.)

Uma moça muito feia me observava e me seguia. Eu pensei, primeiro, que ela perguntaria a quantidade correta de pingos de limão a se dar a uma planta quando se é vegetariano, já que lancei recentemente o livro "Pingo e limão, não pinga".

Pois o sinal estava fechado, e ela se emparelhou a mim. Ela ia dizer "Olá, Ewerton Clides", mas eu antecipei e disse: - "Sim?"

Ela ficou um pouco vermelha e perguntou se eu gostaria de ir a uma curandeira consultar o futuro. Eu disse que não. Mas não justifiquei, virando logo cento e oitenta graus, numa atitude estranha de esperar o sinal e simplesmente voltar. Aqui explico.

Primeiro que não sou comprometido, mas me encanto muito por uma senhora. E eu estava com soluço.

A grande vantagem da palavra escrita é que nela, o soluço não atrapalha.

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